HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

30.6.10

– Você sabe que de alguma maneira a coisa esteve ali, bem próxima. Que você podia tê-la tocado. Você podia tê-la apanhado. No ar, que nem uma fruta. Aí volta o soco. E sem entender, você então pára e pergunta alguma coisa assim:
mas de quem foi o erro?


[Caio F.]

21.6.10

Persuasão

Eles não conversavam um com o outro, não tinham qualquer contato exceto o que era ditado pelas normas da boa educação. Outrora, tinham significado tanto um para o outro! Agora, nada! Não podia ter havido dois corações tão sinceros, nem gostos tão semelhantes, nem sentimentos tão em uníssono, ou rostos tão amados. Agora era como se fossem estranhos, não, pior do que estranhos, porque jamais se conheceriam ou reconheceriam de novo. Seriam estranhos para sempre.

- Jane Austen

19.6.10

O que se faz?

Nada de ódio ou alegria, sem expressão diante da verdade que olhava para ela como se dissesse ‘não era isso que você queria?’. Sim, era. Era só o que ela queria. A verdade. E agora ela tinha. E o que se faz quando se encontra exatamente o que se estava buscando, mas o sortilégio do encontro é deveras forte demais? O que se faz com a verdade?

.....
Ana então agradece,dá as costas e toma seu café.

A quem partiu

A gente diz adeus a quem já partiu? A gente acena e diz ‘foi um prazer’, quando já viraram as costas? A gente afirma que vai ficar tudo bem, quando já está tudo bem? A gente pode dizer ‘foi lindo, sabe?’, quando isso não importa mais?

18.6.10

Profecia

'De tanto amar, agora amargo. '
Cinéias Santos

Nunca mais, nunca mais, repetiu incontáveis vezes. Nunca mais confiar, nunca mais acreditar, nunca mais me permitir, repetiu inúmeras vezes. Foi em uma não permissão que a vida escancarou diante dos olhos a oportunidade tão cálida quando sincera. Mas era tarde. Era tarde? Que pergunta era essa? Possibilidades não existiam. Ela não se permitia esta possibilidade. Pelo menos não mais. Não foi opção dela descobrir que confiar é um erro, sempre. Não foi uma opção dela aprender que o amor é lindo, mas não existe, pelo menos não para ela. Não foi opção dela que jamais conseguisse amar alguém como amara aquela mentira que criara em sua mente. Mais infame do que ser traída todas as vezes pelo seu próprio coração, era continuar dando chances a ele. Mais maculada do que sua alma, era sua esperança. Lembrou-se bem, a única coisa que conseguiu com borboletas no estômago foi náusea. Então, já bastava. Não mais acreditar, não mais esperar, não mais se permitir. Não foi opção dela que a paixão em sua vida fosse tão irônica quanto a possibilidade do eterno, uma efemeridade. Da mesma forma, não foi opção dela que o amor que esperava aparecesse quando ela não (queria) poderia acreditar. Nunca mais, nunca mais, repetiu incontáveis vezes. Mal sabia que desta vez a profecia se cumpriria.

Amanhecer

Todo dia antes de acordar eu esqueço um pedaço seu para praticar a memória.

No jardim

Foi antes de ontem, no jardim. Pedi para a florzinha cor-de-rosa desabrochar para mim. Ela disse que podia até nascer, mas desde que de já eu aceitasse que ela iria embora logo. Sem teorias ou dramas, a vida dela era assim, de trazer ternura indizível e indescritível, mas ter logo que partir. Pensei... pensei. E enquanto eu pensava, ela nasceu! Mas eu nem escolhi se aceitava tua efemeridade – eu disse. Ela falou então que também não bate na porta e nem arromba, ela simplesmente nasce e vive ali, eu desejasse isso ou não. Terminou de me ensinar e se ofereceu a mim. Era linda, perfumada e afetuosa, mas efêmera. Pensei em pensar um tempo se aceitava, mas era pouco tempo para decidir. Aceitei, mesmo sem saber se essa havia sido minha escolha. Algumas coisas não podem esperar para serem vividas. Isso também foi ela que me disse....e se foi.

17.6.10

A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.


.Caio Fernando Abreu

16.6.10

A chance

São presenças que vão se tornando lembranças. Abraços que viram poesia no coração ao mesmo tempo em que acontecem. É que ela começa a arrumar as malas e começa por dentro. Faz dias retira excessos e, surpresa, era quase tudo excesso. Foi quem partiu muito depois do que deveria, foi quem voltou quando não mais se fazia necessário. Foi quem apareceu tarde. Foi quem finalmente surgiu. Foi o tempo dedicado. O tempo perdido. Foi. É tempo. De esvaziar o coração para se preparar para o novo, de guardar o que se deve guardar, se é que se pode. Finalmente começa a brilhar uma luz no fim do túnel quando ela já estava gostando do escuro. Ou se acostumando, tanto faz. São palavras que se moldam novas, castas, como jamais existiram. É que tem nas mãos a chance. Uma chance bonita, sonhada. E uma pressa de viver definitiva. Porque a oportunidade tão esperada já espreita muito perto. E agora ela se despe de todos os pretextos e vai...

-Maria

14.6.10

Lisergia

Na verdade, ela não queria uma solução. Não adiantava o quanto a ensinassem fórmulas para ser feliz. Lê-se, desligar-se do passado que fez e faz tanto mal. Ela amava aquele mal. Vivia uma afeição insana, tão almejada. Apetecia por autoflagelação com disfarces de amor. Todos os dias quando acordava, abraçava o passado. Alimentava, para não deixar morrer. Pensava assim ser persistente. Dizia ser forte por não desistir. De si, desistiu há tempos. Um tempo em que ele não existia e ela sim. Seguia assim então, evitando espelhos. É que sempre teve medo de monstros. No começo eles tinham cara de monstros mesmo. Hoje são mais terríveis. Os monstros têm forma de gente - e por vezes até gente bonita. Mas medo, medo mesmo ela sente do monstro que encontra sempre que acorda, segura o passado nos braços e olha no espelho. Hoje ela sente muito, muito medo dela mesma.

12.6.10

Moving on

(...) Ela sentiu-se estranha quando percebeu que a saudade já não apertava tanto.
Sentiu um remorso por pensar em outro alguém.

6.6.10

Sem assunto


As pessoas são cruelmente desinteressantes.
E eu me esforço.
Quando não consigo fugir delas, fujo de mim.
Piora no calor.
Sou instável nos dias de sol, me puxo para dentro de mim e fico!

Chamada

Eu nunca tive uma secretária eletrônica, mas se tivesse, ela sempre estaria vazia. Perco meu celular sempre que ganho um novo, para me aliviar do silêncio que ele causa. A verdade é que toda essa globalização afasta ainda mais as pessoas ou sou eu que nasci sozinha.(?!) Eu atendo o telefone no primeiro toque.

Mas desligo depois da primeira palavra.