HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

30.4.11

Lies and alibis

Cada sentença uma cabeça. Sempre que alguém me obriga a falar a verdade, faço questão de mentir. Cresci com convicção certa de que mentir é, e não é?, a melhor forma de sobrevivência. Não vou abrir mão disso. Obrigação só para comigo, amém.

Você que não me condene. Sou inocente, sim. Sempre fui. A vida toda. Acredite. A moça chegou quieta e bonita pra cima de mim. Ela bem me olhou que eu vi.

— Como?Você faz o quê?

Eu minto e bebo. Uma forma de me anestesiar melhor. Mas isso eu não disse a ela.

Há muito tempo o álcool me esquece de mim. A minha natureza é humana mesma, digo. Sou alguém cansada do mundo. Ninguém me manda. Ela olhou e eu lancei aquele meu sorriso especial de sempre.

Eu minto sim. E fumo também.

Já tem um tempo que o cigarro anuvia meu descontentamento. Crio os bichos que me devoram. Trago eles todos para o meu convívio. Ensino a beber, fumar e acreditar em histórias. Ando por levianas esquinas. Um dia soberana. Outro sobre nada. Quando menos, desconfiam olhos pro meu lado. Cobra quer mais é trocar a pele quando gasta. Reajo. Por essa aí eu afirmo que não tenho a minha devida culpa.Eu não tenho pena de ninguém. Veio. Eu fui. A outra casca já estava escapando mesmo. Tingiu-se-me uma toda nova. Bom mesmo é ser especial.Ou não.

A moça vestia uma saia serpenteante. Então eu não conheço os avisos do mundo? Só o que eu sei é contar. Esperar. Reconhecer. Culpado nunca. Estava pra mim que era aquela a milésima noite de nada para a primeira hora de tudo. Doença que eu curtia, remédio vinha a granel no corpo dela.Não tenho especialidade em agradar,mas gosto até me satisfazer. Nasci sem o dom da paciência. Mas que nem tanto, pois houve noites e outros escuros. Lambi muitas solidões. Fui solidária no azar. Aquela hora não tinha moral nem morais. Sei muito bem distinguir qualidades de pecado. Mentira é verdade inventada pra quem quer acreditar. Achando a certa para cada certa pessoa, dissolve-se a fronteira ‘crueldade’. Acredite. Eu gozo de fora pra dentro e ninguém repara...desvio.... Minto, sin´sinhô, mas sinto.

28.4.11

Eu sou tão sua, que merda, eu sou tão sua.

Down in a hole.

Elas não haviam escolhido aquilo para suas vidas, mas fora o que o destino lhes reservou. Engraxar sapatos hoje em dia é algo difícil de render lucros, o couro não é couro mais como o couro de antigamente. Agora é algo...O caso é que, as duas cresceram juntas na miséria. Venderam doces juntas, engraxavam sapatos juntas. Se brigavam? Claro! Já viu bons amigos que não brigam de vez em quando?Por falta de nomes vou ter de usar suas características para nomeá-las. As duas morenas, uma alta com o corpo redondamente insaudável. A outra um pequeno retrato de uma semi-desnutrição.Desde as 5 da manhã estão na rua. Pois é uma boa hora para se encontrar senhores esperando ônibus com um certo tempo de calma. O dia já não tem mais o cheiro da manhã, as ruas, agora, cheiravam ao cinza característico do mundo urbano. O sol desagradava pelo calor, mas ao menos não sentiam mais frio pela falta de vestes que as protegessem durante o expediente matinal de trabalho.Numa brincadeira boba de empurra-empurra, (daquelas que nunca acabam bem) elas vêm pela rua com suas caixas de engraxates. Garotas maiores têm mais força, e a pequena cai sob essa regra. “Sua idiota. Eu vou te matar, sua feiosa!” Levante rápido, empurre com força e o carro fará o resto.O que elas fazem agora? A menor corre para não ver as conseqüências de seus atos, e a maior, bem, a maior que reze para tentar sobreviver.

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27.4.11

She doesn`t wanna dance.

A menina do apartamento 101 só se ocupa de sonhar e qualquer outra coisa, mesmo o fumar, o escrever e o conversar a aborrecem profundamente..

26.4.11

Sea of love.














RIGHT TO BE WRONG

Tenho vinte e cinco anos. Não sou mais jovem há um. Estou na metade da “meia-idade”. Agora é ladeira abaixo. Sei.

E te dou um dado? Um dos grandes baratos de envelhecer é adquirir o direito de dizer Não.

***

Eu tenho quase 30 anos.

Não tenho mais 20 e poucos – não tô mais em idade de acertar nada.

Vou errar todo dia até o fim.

Erro tão bem e com tal propriedade que não preciso de ninguém nem coisa nenhuma – erro sempre comigo mesma.

Mas vou errar com os outros também – com todos.

E depois e depois, até todo mundo se encher e ir pra longe.

Que seja pobre, calada e sozinha.

23.4.11

Aluguel

Saiu da própria vida e deixou a porta aberta. Entrei para me esconder da chuva. E fui ficando na vida que não é minha. Mas, quando a ternura invade as manhãs ensolaradas, me sinto em casa. Dura pouco. Precisamente, até alguém me dizer: “fala baixo para não acordar o passado.”


- Daniela Lima

3.4.11

LIVE AND LET DIE!

Ela foi encontrada sentada numa praça, debaixo de um pé de planta. É estranho como aquela árvore estava enorme. Enorme. Ele a viu ali sentada e como outrora, sentiu o que ela sentiu. Ela então o olhou nos olhos e ele desconcertado se aproximou. Como de costume, ele falou algumas mentiras depois de beijar-lhe a mão. Ele entendia completamente o que ela falava e sabia das mentiras que ela contava. Mas tudo bem, tudo estava bem. Ele estava com a roupa mais bonita. Ela estava com a roupa de sempre. Era carnaval e todos estavam preparados para aquela noite. Ele então tirou do seu bolso uma máscara cor de vinho e entregou na sua mão, com um sorriso mascarado disse que era pra combinar com seus olhos verdes.

Ele saiu com uma preocupação arraigada em seu peito, ela ficou com a solidão que estava acostumada a lidar. Do céu, chovia confetes e pintavam o chão de concreto. Ele no meio de todos, olhava para ela que estava sentada embaixo da árvore que tinha estranhamente crescido. O vestido branco que era característico dela, estava molhado e com uma leve transparência. Não se sabia se o que molhou foi o orvalho da árvore ou outra coisa. Mas de certo estava encharcado.

Como de costume, ele a tirou pra dançar. Vê-la tão quieta, era de certa forma assustador. E como de costume, desceu do céu uma chuva tão fina e tão cheia ainda... algo sobrenatural. Eles valsavam a mesma música a cerca de 9 anos, sabendo que mortos estavam por isso. Todos paravam para os olhar dançando fora do ritmo. Como de costume ela deitou sua cabeça em um de seus ombros, e ele encaracolava seus cabelos castanhos. Como sempre, ela estava embriagada e ele ainda era um cavalheiro. Ele notou que seu coração estava de certa forma, arritmado. Isso em geral acontecia. Chegou perto do pescoço, a abraçou forte, e dessa forma foi dito sem ninguém ouvir "Ainda te amo". A apertando contra si, ele entendeu o que estava acontecendo e ela também. Ele perguntou tranquilamente:

"Minha baby, o que há com você? Que marcas são essas em teu corpo? O que fizeram aos teus olhos? Onde está tua companhia e pra onde teus pés caminham? O que houve com tua voz, Lú? Onde está o teu vermelho? Me fale sobre teu vestido branco, como ele ficou assim. Por que não me disse o que estava acontecendo com você?"

Como de costume, ela sorriu para ele e disse que estava bem. Naquele momento, tanto aquela donzela sem alguma reputação ou valor, quanto aquele boêmio de boa família, entenderam que era mais que um adeus. Era a canção de um funeral. Eles então deixaram morrer um no colo do outro.