HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

27.5.11

Briza Mulatinho

Ela perguntou como é que eu tive certeza de que aquela escolha era a mais acertada. Respondi que nunca tive, que não tenho até agora. Porque tem coisas que a gente, simplesmente, não sabe. Decidi ali na tentativa de fazer o melhor e fui. Com fé. Sim, fé e não certeza. Vontade que desse certo. Ou, de pelo menos, que não fosse motivo para me arrepender para todo o sempre. Em alguns momentos, deu certo. Noutros, me arrependi para todo o sempre. Agora, acho que me conformei e que é assim e pronto, não tem mais volta e tudo bem. Tudo bem, de um jeito ou de outro, que a vida e o tempo consertam as coisas.



PLEASE,

20.5.11

your love is a drug

Ela pediu que eu me aninhasse, que deitasse ao seu lado para que então pudesse zelar meu sono, cuidar de quem se ama porque faz falta, porque sente falta de amar alguém que também a ame ali, do lado esquerdo da cama, do lado esquerdo do peito. Chegamos embriagadas, ela tirou a roupa, eu fui para o banho. Perdi-me no caminho entre os corredores que separavam o banheiro de seu quarto. Um labirinto, cheio de portas, cheio de voltas como o corpo dela. Ela me ama da maneira mais pura. Eu a amo de todo o coração. Atrasei-me com o fato de não achar o caminho e, quando cheguei, ela já dormia. Cuidei do seu sono, rezei por seus sonhos - sempre esquisitos, tanto quanto ela - e fechei as cortinas laranjas enquanto o dia amanhecia. Sentei no banheiro e, desesperada, chorei por duas horas até cansar. Logo após deitei-me ao lado dela com meus cabelos ainda molhados. A olhei mais um pouco: Deus!, como são lindos seus lábios um tanto doces. Eu a conheço metade de uma vida. Tomei meu remédio e com o álcool adormeci.

Durante o sono cambaleei. Fazia calor pela manhã. Levantei, abri a porta do pequeno apartamento sem me importar se os vizinhos iriam nos ver ali. Abri as janelas pro ar circular. Ela pediu pra que eu me cobrisse um pouco para ninguém ver o que não deve ser visto. Não obedeci.

Meus olhos vezenquando abriam e eu a via. Já não estava ao meu lado direito e agora se encontrava na cadeira, concentrada em não-sei-o-que além do computador. Fechava meus olhos e abria de novo. Ainda não era hora: eu não conseguia me manter acordada. Estava pesada, triste, cansada de mim. A olhei novamente: mesma posição. Puxei seu travesseiro e o coloquei entre as pernas, virei de lado e fiquei de um jeito em que ela conseguia me olhar dormindo. Os cabelos emaranhados, a boca entreaberta.

Acordei eram três horas passadas. Pedi água, ela me deu. Pedi as horas, as recebi também. Eu queria mesmo era um abraço eterno. Ela precisa de mim, eu preciso mais dela. Sentei-me na cama e perguntei o que fazia. Disse-me que conversava com amigos e puxou uma folha. Olhou-me séria e disse baixinho: a desenhei dormindo. Prometo melhorar depois. Entregou daquele jeito mesmo: um rascunho exato, sem nada a ser mudado mas que ela, crítica que só, queria mais, queria o perfeito. Ela me faz perfeita, me fez perfeita. Perfeita aos olhos dela: o cabelo mais bonito, a cintura mais acentuada, os olhos menos tristes, os cabelos ondulados, as coxas sem marcas e o travesseiro entre elas. Olhei e tive vontade chorar e dar o abraço que desejava, que desejo. Desejamos. Mas só agradeci assim, de longe, na minha frieza, sentada na cama e ela na cadeira.

A vizinha chegou.

Ela me ama e eu a amo. Disso eu nunca tive dúvidas.

Estou onde meu coração me pediu para que eu viesse pedir asilo.

Com amor, com açúcar.

17.5.11

(Leaving Las Vegas)

Are you desirable? Are you irresistable? Maybe if you drank bourbon with me, it would help. Maybe if you kissed me and I could taste the sting in your mouth it would help. If you drank bourbon with me naked. If you smelled of bourbon as you fucked me, it would help. It would increase my esteem for you. If you poured bourbon onto your naked body and said to me “drink this”. If you spread your legs and you had bourbon dripping from your breasts and your pussy and said “drink here” then I could fall in love with you. Because then I would have a purpose. To clean you up and that, that would prove that I’m worth something. I’d lick you clean so that you could go away and fuck someone else.

8.5.11

04:09

Sempre fez o que teve vontade, nunca se importou com o certo e o errado. Não se importou com os outros, trancafiada num egoísmo sólido. Mas era feliz. Ou pensava que era.
Era conhecida por todos, mas não conhecia a amizade. Era desejada, mas não era amada. Vivia pelo mundo, e sempre acabava sozinha em seu quarto. Mas era feliz. Ou pensava que era.
Certo dia, ela acordou e olhou-se no espelho. Claramente, ela havia envelhecido. Deixou-se cair, nessa confusão de arrependimentos, dúvidas e sentidos. Sua vida inteira passando sobre os seus olhos, e ela sem conhecer a felicidade, vivendo no estereótipo. Caída, deixou-se chorar, perdida. Chorou, e pela primeira vez, demonstrou ter dentro de si, um coração. Não era feliz. Mas pensava que era.

7.5.11

Entrelinhas

-E o que você acha disso tudo?
-Eu acho muita coisa de todas as coisas.
-Seja mais específica.
-Ser mais específica?
- É , tente dizer exatamente o que você pensa.
-Isso é exatamente o que eu penso.
-E o que seria?
-Seria a coisa certa numa parte e a coisa errada em outra.
-Outra o quê?
-Outra parte,!
-Mas outra parte de quê?
-Outra parte da situação.
-Que situação?
-Aquela que eu acho muito de tudo.
-Como você pode achar muito de tudo?
-Não sei.
-O que você não sabe?
-Com certeza não é uma coisa que eu já sei.
-Como assim?
-Como assim o que?!

6.5.11

Chegue

Vem pra eu ver sua sombra na porta do meu quarto.
Eu canto aquela música de quando voce dorme...quer?