HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

28.4.10

Garotas modernas

Globos oculares grandes, saltados. Cheios de fúria. Todos olhando pro mesmo lugar. Pra bunda dela. Pras pernas dela, pra ser sincera. E ela sorri, achando graça nos olhos. Acha que algum daqueles olhos querem saber da personalidade dela. Ou de seus sonhos. Esqueceram de contar pra essa menina o fundamento básico de crescer: Ninguém quer saber do que ela pensa ou o que sente quando sai durante a noite. Querem saber se ela tá de calcinha, se forem homens. O quanto pesa, se forem mulheres. Só fodê-las e contar pro mundo. Só. A boca, se aberta, só pra chupar. Beijar é dispensável. Coitada. Aprenderá como todas aprendem: sofrendo. Ah, se os pais prerarassem essas meninas pro mundo, ninguém comia ninguém. Obrigada pais, por criarem otárias. Por que a gente adora fodê-las e deixá-las chorando depois. Prova que estamos vivos. Prova que a dor delas, são nossas alegrias. Prova que vamos pro inferno. Prova que eu, em jejum de sono, sou pior do que ligada no 220.


- Camila Marciano

26.4.10

16.4.10

My way

Por algum tempo, ela segurou a lanterna. Iluminava o caminho e o deixava seguro durante a viagem. De vez em quando ele sumia, como criança ao se distrair com algum barulho no meio da estrada. Depois a alcançava de novo - não se sabe se em busca dela ou da lanterna. Até que, num determinado momento, ele ficou para trás. Quando não ouviu mais sua voz, nem os seus passos, ela apontou a lanterna acesa para todas as direções. Procurou, gritou por ele. Nada. Sentou-se à beira da estrada e chorou. Desligou a lanterna e ouviu o silêncio gritando, as cores do escuro cegando seu pensamento. E adormeceu, exausta. Quando acordou, já era dia. A estrada parecia diferente. Talvez outra. E de que adiantava a lanterna se ela não sabia mais para onde seguir? Ela ainda pensava sobre isso quando o avistou de novo. Sentiu seu coração batendo mudo. Não tinha o que dizer, nem para onde apontar. É outra a estrada. E ela já não sabe mais como guiá-lo. Ela mesma precisa aprender o caminho de novo.


- Cris Guerra

I'm standing here until you make me move

Como se aproximar da verdade

A mítica cidade litorânea recebia uma quantidade de luz quase absurda. Dias longos, peles curtidas, olhos protegidos ou magoados de tanto que o sol brilhava. Talvez por isso, certamente por isso, o encontro foi marcado para a noite. Os três, por discrição e preferência, decidiram que a noite seria seu teto, que a visão seria deferida, ainda que tão importante, tão presente.

Eu minto. Se é pra me apresentar, é bom começar por um paradoxo. Mentia mais antes, muito, o tempo todo. Sempre achei que assim, poderia me adaptar a cada situação. E me adaptei. Mas depois de um tempo, maldição dos bons mentirosos, já não sabia mais nada de mim. Conhecia as regras, as condutas, conhecia a forma como minhas vontades brotavam, mas não mais a mim. Não sabia como elas brotariam sem o personagem, sem as regras, sem as condutas. Por curiosidade resolvi falar a verdade. Para isso tive que ir descobri-la. Aqui mesmo.

Seres absolutamente corriqueiros a primeira vista, absurdamente únicos uns para os outros. Banais em sua existência miraculosa, nesse encontro improvável, na inquietude. Banais não por si, mas porque os fatos assim o são. Se existem é porque por menor que seja a chance, num universo infinito em possibilidades, todas elas se realizam, mesmo as bem pequenas. Mesmo as únicas.

Me apresento dizendo logo que não presto: "oi, eu sou uma sacana e não presto. Também minto muito." Tudo verdade, claro, mas gera dúvida. E dúvida é um néctar para as pessoas. É a hora em que elas se reconhecem. "também sou uma fraude!" já escutei em retorno. Ai eu rio. E digo: mas eu, nesse caso ainda não fui... e estou tentando deixar de ser, pra ser sincera. Agora eu só falo a verdade, mas tão absurda que as pessoas entendam que é mentira como defesa. Mas só quando eu quero.

O ritual era simples pois era intuitivo. Simples ou impossível. Juntaram-se os três, sob um desenho astral e estação anual determinados e se conheceram. Riram de uma doutrina agnóstica, das dessemelhanças compartilhadas, do próprio prazer. Lembraram-se dos velhos cegos, codificadores da língua comum em que teceram seu encontro, dos dicionários inimigos, dos códigos partilhados. Sentiram pela primeira vez suas peles, pois que nelas estava a diferença. Nelas acabava o sonho e começava a fome.

Sou péssima em me apresentar. Ou ótima. Visto um personagem adequado e mando ver. Engraçado, inteligente, sagaz. Ou triste, seco, distante. Tanto faz. Pronto, tô apresentada.

Medo, medo pra caramba. Pele fina. Boa pra sensibilidade, ruim pra resistência. Esgarça fácil. Medo da dor? Não, mais medo do medo mesmo.

Quando o que estava dentro de cada um não mais lhe cabia, caminharam para a arena. Montaram seus tigres domesticados, os mesmos que os tinham levado até ali, despiram suas armaduras de pele e deixaram a mostra seus espelhos. Como se por baixo das peles habituais tivessem a carne recoberta por espelhos. Como se quando conseguissem olhar-se tão profundamente, ver a si no outro fosse o aprendizado. A selvageria podia pulsar em suas montarias, mas seus olhos encantaram-se com a possibilidade de formas muito mais amplas. Não só brutas, não só cultas. Vastas.

Meu talento é me cercar de pessoas talentosas. Vivo muito bem, principalmente depois de descobrir em mim algum talento, mesmo que tão torto.

A mágica é a forma mais fácil de se lidar com o mundo, o mundo é a forma mais difícil de se lidar com a mágica. O embate começa com o abandono do signos, um abraço triplo forma um caleidoscópio em que o que existe entre eles (mesmo que nada) é multiplicado infinitamente, ou senão, infinitamente o suficiente para a percepção. Um infinito secreto, particular, indivisível e inexplicável. Vive-lo ou não é a escolha.

Desisti até mesmo de mandar na minha própria vida. Descobri gente mais competente para fazê-lo. Quase uma relação de submissão, mas na verdade sou bem rebelde. Acho que eu só busquei alguém para poder desobedecer, e ter um parâmetro. Mas ganhei liberdade ao invés de ordens, e com a liberdade uma espécie de amor expansivo, leve, meio inesperado até. Como se um potro que solto voltasse lustroso, forte, mas selvagem, depois de um tempo. Daqueles que se admira e se teme. E só se teme do tanto que se admira.

Não sei como termina. Não sei mesmo. Fantasias em palavras, lutas dançadas, idas turísticas ao inferno, degustação de depravações e de sabores.

Existe um conceito hindu que associa à impureza a dor. Eu costumo sentir em certos perfumes felicidade.
(Mesmo que nunca passe de 15 minutos.)

15.4.10

A dor do abandono

Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura.

De quem se trata? Quase ninguém sabe.

Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas.

Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve.

Logo depois que o corpo desocupou a casa, onde aquela moça havia passado boa parte da sua vida, encontraram em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.

Eram anotações sobre a dor...



- Ninita Lucena

14.4.10

Redenção

Ana acordou, mais uma vez, sozinha na cama. Sentiu o que já lhe era de costume: o gosto de culpa. Na realidade, essa era sua vida. Viver com mea culpa. Colocou as mãos no rosto e fechou os olhos bem apertados. Queria morrer. Sentia sempre o mesmo frio na barriga. O arrependimento deixa um nó bem no meio do peito. Aquela vontade de não ter feito, de morrer de culpa. Mea culpa, mea máxima culpa.

Se olhou no espelho e não conseguia enxergar o próprio reflexo. Pensou em quantas vezes já tinha deixado de se enxergar. Apenas olhando o vulto, em automático. Um borrão preto. Parou e tentou olhar nos seus próprios olhos. Não se reconhecia. Parecia uma outra mulher bem a sua frente. Na realidade, pensou que os espelhos podem captar, às vezes, o interior da pessoa. Era assim que ela se sentia por dentro, com o coração cheio de piche. Não demorou muito para que o pensamento sobre seus atos a consumisse. Culpa, frio na barriga novamente...

Tinha convicção que não prestava. Não valia nada. Ter crise de consciência é coisa de gente que não presta. Ser injusta faz parte da vida? Lembrou que ele estava em sentido oposto. Seguia em direção aos céus, ela, tentava encontrá-lo na porta do inferno.

Infelizmente os arrependimentos são eternos. Quem dera pudéssemos voltar no tempo e desfazer nossos atos. Ao contrário, podia voltar ser aquela mulher que mandava o passado pastar. Viver sem culpa é ser feliz. Havia mudado nos últimos anos, agora, a culpa a corroia e a matava de um jeito que nunca tinha visto. Desconhecia. Seria prazer ou alguma coisa cristã se infiltrando em seus ideais? Sabia que o peso, o fardo, deixaria marcas provisórias.

Enquanto se arrumava para mais um dia, ia diminuindo. Ana errou. Sabia que tinha tomado uma decisão estúpida. Ela sabia que ele um dia cansaria de tantas mentiras. Mesmo ele, com toda paciência e amor. Ele continuava porque queria ter certeza que tentou até o fim. O fim. Essa maldita mania de levar tudo até o fim.

Ana foi à igreja.Sentou e ficou olhando a imagem de uma santa. Tão branquinha, tão fria, tão de porcelana. Sentiu vontade de botar a cabeça nos pés dela e ficar ali, tentando se sentir melhor, tentando ficar limpa e branquinha que nem ela. Não aconteceu. Infelizmente, não existe redenção. Na realidade, não existe nada. Só existe o que já aconteceu. Existe apenas o que a corrói. Até que ela morra e nasça de novo.

13.4.10

From: J

'Lú,é impressionante como tu sabes fazer bem esse papel de maravilhosa!!'

hunf..ADOREI.

11.4.10

hurting is where I belong

Eles se aproximam,aproveitam,me sugam,me batem e então,me deixam.Eu não posso ver as coisas com clareza,pq meus olhos morreram aquele dia,vendo os danos que eu fiz.Não,não há 'certo' que cure o 'errado'.
Ontem um amigo me disse:"starving hurts the soul when your hungry for love."

thats why im fat and sad!

Até que podia ter sido gozado, se não fosse tão triste, se aquilo não ficasse assustador tão depressa como ficou. Podia ter sido divertido, se não houvesse sido tão ruim. Ruim a que ponto? Foi ruim desde o começo. E se tornou rapidamente pior.

And i might sing, "Oh Bury Me"

E uma vozinha bem calma me diz:'você não precisa disso.'

...é minha ultima tentativa!