HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

27.7.11

85

Quando se é jovem veste-se a liberdade de jeans
estrada, sexo, rebeldia e vertigem
quando já não se é, deseja-se uma liberdade undress
nudez, nenhum comportamento para vestir.

- Martha Medeiros

25.7.11

107.

Queixos tremem de emoção
olhares embaçam de tão tristes
sorrisos iluminam um ambiente
vincos surgem com o sofrimento
peles acetinam ao serem tocadas
e olheiras revelam um impasse...
através da face é possível ler todos os sentimentos.
iletrada eu não percebi

fosse qual fosse o desenlace.

que mantinhas o mesmo rosto

- Martha M.

17.7.11

41.

De alguma coisa serviu ser assaltada, ter a ingenuidade recolhida, o romantismo confiscado e as lágrimas transferidas para outra conta; não vão me roubar mais nada.

- Martha M.

15.7.11

35.

ele te pega ainda com sono
te dá banho te veste e se oferece
lá vai você com ele - o dia - de mãos dadas
enfrentar o que acontece!

- Martha M.

14.7.11

31.

Bêbados, andarilhos, viciados em sexo, esquisitos... exóticos, neuróticos, insônes...

o mundo tem sido injusto com vocês!

13.7.11

29.

...uma mordidinha para sentir o gosto
um cheirinho para sentir o perfume
um beijinho rápido, uma ilusãozinha
a quantos basta uma amostra grátis
não consigo molhar os pés apenas
eu mergulho e só paro quando me afogo
eu me queimo e só paro quando derreto
eu me jogo e só paro quando me param.

- Martha M.

12.7.11

19.

Surpreendente,ele não me deixou,ele não fez o que disseram que iria fazer,as revistas,ele não se comportou como exigiam,os mandamentos,ele não se rendeu as evidências.Comovente,ele muito mais me amou,fez o que disse que iria fazer,meu coração,não se enquadrou no personagem,foi mais longe,superou a si e a todos,chorou e teve paciência.

- Martha M.

11.7.11

13.

te amei
como nunca amei nessa vida
e do final deste amor
restou uma mulher tão fria
que nem por ti mesmo
conseguiria sentir
o amor que senti um dia


- Martha M.

10.7.11

11.

Um quase silêncio, o dia nublado
reflexo dos meus olhos em vidros embaçados
repentina clareza, vejo de ambos os lados
somos duas pessoas sentindo tudo errado

- Martha M.

9.7.11

9.

Acenda um fósforo em mim...não queima.

Perfure com uma faca...não jorra.

Cuspa na minha cara...não escorre.

Quase nada me traz consequência.

Não há aderência em gente que teima!

-Martha M.

8.7.11

Post secret

aquela meio estrábica com um vestido bordado

jura que me viu com um vigarista no último verão

aquele de terno claro e cabelo implantado na testa

jura que fiz gato e sapato do meu analista

aquela morena com bolsa combinando com o escarpim

jura que me endividei para ter um carro blindado

por mais que eu procure ser pontual nas festas

minha reputação chega sempre antes de mim


- Martha M.

7.7.11

Todos os dias

Caminhante, passou por mim em passos lentos
Com uma blusa que jamais o vi usar e um cavanhaque
Ele que que tinha o rosto imberbe e cujas blusas eu lavava todas
Cruzou por mim na calçada e me olhou com olhos novos
Da mesma cor de antes mas eram olhos outros
que viram virgindaddes durante o nosso tempo apartado
Era ele mas era outro, e eu era eu mesma, e outra
E a distância entre nós era bem mais longa que aqueles passos curtos
E o tempo entre nós era infinito no nosso desconhecimento mútuo
Ele que tanto amei e ele a mim, que trocamos beijos mais que íntimos
Suas cicatrizes pelo corpo que lambi, e ele aos meus seios
Ele que não me foi secreto por anos e eu por ele igualmente traduzida
Caminhante, hoje passou por mim como se não houvesse passado
Ele, em passos lentos, fez um sinal educado com a cabeça
Eu, com meio-sorriso, fiz que não tinha importância!

- Matha M.

6.6.11

Tati Bernardi

Eu vivo no banheiro da estação molhando a nuca quando está calor. No meio de centenas de esperas que não são minhas mas me esquentam. A moça que vende bilhetes é minha mãe. O cara da catraca meu amor. Sempre muda o cara da catraca. Mas eles se parecem justamente porque sempre mudam e porque são apenas o cara da catraca. Meu pai vende coisas coloridas de brincar e de sujar a língua aqui em frente e as crianças se distraem e sobrevivem. Meus amigos são os do vagão de antes e de depois. Os mais amigos, agora, são sempre os que acabaram de chegar. Tem gente feia, gente bonita, gente assustada, gente com sono, gente no meio de gente. Eu só olho e tento tocar nessas sensações, mas nunca sou exatamente nenhuma delas porque há muitos anos eu não tinha tamanho para ser e assim acostumei.
Eu olho sempre pro relógio gigante que fica bem no centro do meu quarto. E sei que todo dia ele passa, sempre às cinco da tarde. O trem pra sempre. Eu corro junto, ao lado, por um tempo, mas canso já morrendo de rir. E fico feliz que não foi dessa vez. E fico feliz de ter chegado perto. Já senti como é o cheiro de dentro. Já experimentei sentar na janelinha com ele parado. Já me imaginei embaixo, esmagada. Em cima, surfando antes de pegar fogo. Sei todos os ângulos de ir, mas vivo no lugar de quem fica.
Estou na estação há tanto tempo. E sempre tem gente chegando e indo. E sempre tem amor e bala e dinheiro e cama e água e fins de tarde bonitos e brinquedos e catracas com a segurança de uma novidade de sempre. Em alguns momentos fica o equilíbrio terrível de nunca ir. Fica a dor terrível de todo mundo que foi. Fica a ansiedade terrível de todo mundo que tem pra chegar. Agora. Agora. A cada volta de uma piscada eu tenho minha esperança renovada. Mas nenhum desses silêncios chega perto do som que é viver ouvindo o mundo se locomovendo enquanto só tento enxergar de olhos bem abertos sem me mexer. Estar no centro do barulho nunca foi realmente uma solidão. A troca é tão bonita porque sorrio achando todos tão corajosos com seus ternos e pastas e pressas e chegadas e "que mais". E eles sorriem de volta, me achando corajosa também em ficar. E só olhar. E poder amar esse trecho de vida deles ainda mais do que eles próprios que nem se percebem em trechos.
Eu vivo na estação porque peguei carinho pelas placas e sujeiras e as faxineiras cedinho tirando os estragos do mundo na minha casa de passagem. Acho tão bonita a sensação de estar no único lugar onde se pode estar com todos e esperar por mais um trecho de todos. Sei que não escolho nada, não sigo com ninguém, não conheço outras idades e lugares e gastrites e ventos.
Eu sou uma estação, é isso. Assim não dói além porque eu sei, desde o começo, que sou passagem. Então, vão, mas logo apita de novo. E é sempre movimentado, mesmo quando apagam as luzes e a vida dos outros descansa da minha parada. Existe o movimento que fica atrasado no ar e durmo embalada por tanta coisa que quase parece coragem.
Até que hoje, não sei se porque enjoei dessa casa da infância, não sei se porque às vezes o amor é mesmo mais forte que mil anos de segurança. Eu pisei tremendo na escada e o homem da catraca era tão diferente de todo mundo e, pela primeira vez, as placas e mulheres do caixa e bilhetes e pessoas e brinquedos coloridos e apitos e fins de tarde e moças da limpeza. Ninguém tentou me agarrar porque era como se o mundo dissesse "acho que são cinco da tarde e uma hora você precisa ser mulher". E eu pedi socorro. Eu não sei sair daqui mas quero ir com você. Eu tenho cinco anos de idade mas quero ir com você. Tudo me dói tanto e eu tenho tanto medo mas tudo bem, vamos lá. Na próxima parada só me lembra que é bom eu fazer xixi e comer alguma coisa porque tô te achando tão bonito que talvez eu esqueça.

Kiss my ass

5.6.11

burn

wet.tease.slowburn.toy.nibble.pleasureme.lover.wanting.getlucky.fierce.don'tstop.truthordare.roleplay.g.erotic.tempt.begme.vixen.aphrodisiac.velvetrope.pet.losecontrol.afterglow.rumor.exhibitionist.wink.iwon'tbite.yes.blindfold.minx.betweensheets.makeout.paparazzi.vexed.innocent.crush.explosive.openinvitation.melt.hotspot.afterhours.frisky.urgency.redlight.workit.hardtoget.pillowtalk.fearless.satisfied.addictive.spark.skinnydip.inlust.hottie.verysexy

27.5.11

Briza Mulatinho

Ela perguntou como é que eu tive certeza de que aquela escolha era a mais acertada. Respondi que nunca tive, que não tenho até agora. Porque tem coisas que a gente, simplesmente, não sabe. Decidi ali na tentativa de fazer o melhor e fui. Com fé. Sim, fé e não certeza. Vontade que desse certo. Ou, de pelo menos, que não fosse motivo para me arrepender para todo o sempre. Em alguns momentos, deu certo. Noutros, me arrependi para todo o sempre. Agora, acho que me conformei e que é assim e pronto, não tem mais volta e tudo bem. Tudo bem, de um jeito ou de outro, que a vida e o tempo consertam as coisas.



PLEASE,

20.5.11

your love is a drug

Ela pediu que eu me aninhasse, que deitasse ao seu lado para que então pudesse zelar meu sono, cuidar de quem se ama porque faz falta, porque sente falta de amar alguém que também a ame ali, do lado esquerdo da cama, do lado esquerdo do peito. Chegamos embriagadas, ela tirou a roupa, eu fui para o banho. Perdi-me no caminho entre os corredores que separavam o banheiro de seu quarto. Um labirinto, cheio de portas, cheio de voltas como o corpo dela. Ela me ama da maneira mais pura. Eu a amo de todo o coração. Atrasei-me com o fato de não achar o caminho e, quando cheguei, ela já dormia. Cuidei do seu sono, rezei por seus sonhos - sempre esquisitos, tanto quanto ela - e fechei as cortinas laranjas enquanto o dia amanhecia. Sentei no banheiro e, desesperada, chorei por duas horas até cansar. Logo após deitei-me ao lado dela com meus cabelos ainda molhados. A olhei mais um pouco: Deus!, como são lindos seus lábios um tanto doces. Eu a conheço metade de uma vida. Tomei meu remédio e com o álcool adormeci.

Durante o sono cambaleei. Fazia calor pela manhã. Levantei, abri a porta do pequeno apartamento sem me importar se os vizinhos iriam nos ver ali. Abri as janelas pro ar circular. Ela pediu pra que eu me cobrisse um pouco para ninguém ver o que não deve ser visto. Não obedeci.

Meus olhos vezenquando abriam e eu a via. Já não estava ao meu lado direito e agora se encontrava na cadeira, concentrada em não-sei-o-que além do computador. Fechava meus olhos e abria de novo. Ainda não era hora: eu não conseguia me manter acordada. Estava pesada, triste, cansada de mim. A olhei novamente: mesma posição. Puxei seu travesseiro e o coloquei entre as pernas, virei de lado e fiquei de um jeito em que ela conseguia me olhar dormindo. Os cabelos emaranhados, a boca entreaberta.

Acordei eram três horas passadas. Pedi água, ela me deu. Pedi as horas, as recebi também. Eu queria mesmo era um abraço eterno. Ela precisa de mim, eu preciso mais dela. Sentei-me na cama e perguntei o que fazia. Disse-me que conversava com amigos e puxou uma folha. Olhou-me séria e disse baixinho: a desenhei dormindo. Prometo melhorar depois. Entregou daquele jeito mesmo: um rascunho exato, sem nada a ser mudado mas que ela, crítica que só, queria mais, queria o perfeito. Ela me faz perfeita, me fez perfeita. Perfeita aos olhos dela: o cabelo mais bonito, a cintura mais acentuada, os olhos menos tristes, os cabelos ondulados, as coxas sem marcas e o travesseiro entre elas. Olhei e tive vontade chorar e dar o abraço que desejava, que desejo. Desejamos. Mas só agradeci assim, de longe, na minha frieza, sentada na cama e ela na cadeira.

A vizinha chegou.

Ela me ama e eu a amo. Disso eu nunca tive dúvidas.

Estou onde meu coração me pediu para que eu viesse pedir asilo.

Com amor, com açúcar.

17.5.11

(Leaving Las Vegas)

Are you desirable? Are you irresistable? Maybe if you drank bourbon with me, it would help. Maybe if you kissed me and I could taste the sting in your mouth it would help. If you drank bourbon with me naked. If you smelled of bourbon as you fucked me, it would help. It would increase my esteem for you. If you poured bourbon onto your naked body and said to me “drink this”. If you spread your legs and you had bourbon dripping from your breasts and your pussy and said “drink here” then I could fall in love with you. Because then I would have a purpose. To clean you up and that, that would prove that I’m worth something. I’d lick you clean so that you could go away and fuck someone else.

8.5.11

04:09

Sempre fez o que teve vontade, nunca se importou com o certo e o errado. Não se importou com os outros, trancafiada num egoísmo sólido. Mas era feliz. Ou pensava que era.
Era conhecida por todos, mas não conhecia a amizade. Era desejada, mas não era amada. Vivia pelo mundo, e sempre acabava sozinha em seu quarto. Mas era feliz. Ou pensava que era.
Certo dia, ela acordou e olhou-se no espelho. Claramente, ela havia envelhecido. Deixou-se cair, nessa confusão de arrependimentos, dúvidas e sentidos. Sua vida inteira passando sobre os seus olhos, e ela sem conhecer a felicidade, vivendo no estereótipo. Caída, deixou-se chorar, perdida. Chorou, e pela primeira vez, demonstrou ter dentro de si, um coração. Não era feliz. Mas pensava que era.

7.5.11

Entrelinhas

-E o que você acha disso tudo?
-Eu acho muita coisa de todas as coisas.
-Seja mais específica.
-Ser mais específica?
- É , tente dizer exatamente o que você pensa.
-Isso é exatamente o que eu penso.
-E o que seria?
-Seria a coisa certa numa parte e a coisa errada em outra.
-Outra o quê?
-Outra parte,!
-Mas outra parte de quê?
-Outra parte da situação.
-Que situação?
-Aquela que eu acho muito de tudo.
-Como você pode achar muito de tudo?
-Não sei.
-O que você não sabe?
-Com certeza não é uma coisa que eu já sei.
-Como assim?
-Como assim o que?!

6.5.11

Chegue

Vem pra eu ver sua sombra na porta do meu quarto.
Eu canto aquela música de quando voce dorme...quer?

30.4.11

Lies and alibis

Cada sentença uma cabeça. Sempre que alguém me obriga a falar a verdade, faço questão de mentir. Cresci com convicção certa de que mentir é, e não é?, a melhor forma de sobrevivência. Não vou abrir mão disso. Obrigação só para comigo, amém.

Você que não me condene. Sou inocente, sim. Sempre fui. A vida toda. Acredite. A moça chegou quieta e bonita pra cima de mim. Ela bem me olhou que eu vi.

— Como?Você faz o quê?

Eu minto e bebo. Uma forma de me anestesiar melhor. Mas isso eu não disse a ela.

Há muito tempo o álcool me esquece de mim. A minha natureza é humana mesma, digo. Sou alguém cansada do mundo. Ninguém me manda. Ela olhou e eu lancei aquele meu sorriso especial de sempre.

Eu minto sim. E fumo também.

Já tem um tempo que o cigarro anuvia meu descontentamento. Crio os bichos que me devoram. Trago eles todos para o meu convívio. Ensino a beber, fumar e acreditar em histórias. Ando por levianas esquinas. Um dia soberana. Outro sobre nada. Quando menos, desconfiam olhos pro meu lado. Cobra quer mais é trocar a pele quando gasta. Reajo. Por essa aí eu afirmo que não tenho a minha devida culpa.Eu não tenho pena de ninguém. Veio. Eu fui. A outra casca já estava escapando mesmo. Tingiu-se-me uma toda nova. Bom mesmo é ser especial.Ou não.

A moça vestia uma saia serpenteante. Então eu não conheço os avisos do mundo? Só o que eu sei é contar. Esperar. Reconhecer. Culpado nunca. Estava pra mim que era aquela a milésima noite de nada para a primeira hora de tudo. Doença que eu curtia, remédio vinha a granel no corpo dela.Não tenho especialidade em agradar,mas gosto até me satisfazer. Nasci sem o dom da paciência. Mas que nem tanto, pois houve noites e outros escuros. Lambi muitas solidões. Fui solidária no azar. Aquela hora não tinha moral nem morais. Sei muito bem distinguir qualidades de pecado. Mentira é verdade inventada pra quem quer acreditar. Achando a certa para cada certa pessoa, dissolve-se a fronteira ‘crueldade’. Acredite. Eu gozo de fora pra dentro e ninguém repara...desvio.... Minto, sin´sinhô, mas sinto.

28.4.11

Eu sou tão sua, que merda, eu sou tão sua.

Down in a hole.

Elas não haviam escolhido aquilo para suas vidas, mas fora o que o destino lhes reservou. Engraxar sapatos hoje em dia é algo difícil de render lucros, o couro não é couro mais como o couro de antigamente. Agora é algo...O caso é que, as duas cresceram juntas na miséria. Venderam doces juntas, engraxavam sapatos juntas. Se brigavam? Claro! Já viu bons amigos que não brigam de vez em quando?Por falta de nomes vou ter de usar suas características para nomeá-las. As duas morenas, uma alta com o corpo redondamente insaudável. A outra um pequeno retrato de uma semi-desnutrição.Desde as 5 da manhã estão na rua. Pois é uma boa hora para se encontrar senhores esperando ônibus com um certo tempo de calma. O dia já não tem mais o cheiro da manhã, as ruas, agora, cheiravam ao cinza característico do mundo urbano. O sol desagradava pelo calor, mas ao menos não sentiam mais frio pela falta de vestes que as protegessem durante o expediente matinal de trabalho.Numa brincadeira boba de empurra-empurra, (daquelas que nunca acabam bem) elas vêm pela rua com suas caixas de engraxates. Garotas maiores têm mais força, e a pequena cai sob essa regra. “Sua idiota. Eu vou te matar, sua feiosa!” Levante rápido, empurre com força e o carro fará o resto.O que elas fazem agora? A menor corre para não ver as conseqüências de seus atos, e a maior, bem, a maior que reze para tentar sobreviver.

.

.

27.4.11

She doesn`t wanna dance.

A menina do apartamento 101 só se ocupa de sonhar e qualquer outra coisa, mesmo o fumar, o escrever e o conversar a aborrecem profundamente..

26.4.11

Sea of love.














RIGHT TO BE WRONG

Tenho vinte e cinco anos. Não sou mais jovem há um. Estou na metade da “meia-idade”. Agora é ladeira abaixo. Sei.

E te dou um dado? Um dos grandes baratos de envelhecer é adquirir o direito de dizer Não.

***

Eu tenho quase 30 anos.

Não tenho mais 20 e poucos – não tô mais em idade de acertar nada.

Vou errar todo dia até o fim.

Erro tão bem e com tal propriedade que não preciso de ninguém nem coisa nenhuma – erro sempre comigo mesma.

Mas vou errar com os outros também – com todos.

E depois e depois, até todo mundo se encher e ir pra longe.

Que seja pobre, calada e sozinha.

23.4.11

Aluguel

Saiu da própria vida e deixou a porta aberta. Entrei para me esconder da chuva. E fui ficando na vida que não é minha. Mas, quando a ternura invade as manhãs ensolaradas, me sinto em casa. Dura pouco. Precisamente, até alguém me dizer: “fala baixo para não acordar o passado.”


- Daniela Lima

3.4.11

LIVE AND LET DIE!

Ela foi encontrada sentada numa praça, debaixo de um pé de planta. É estranho como aquela árvore estava enorme. Enorme. Ele a viu ali sentada e como outrora, sentiu o que ela sentiu. Ela então o olhou nos olhos e ele desconcertado se aproximou. Como de costume, ele falou algumas mentiras depois de beijar-lhe a mão. Ele entendia completamente o que ela falava e sabia das mentiras que ela contava. Mas tudo bem, tudo estava bem. Ele estava com a roupa mais bonita. Ela estava com a roupa de sempre. Era carnaval e todos estavam preparados para aquela noite. Ele então tirou do seu bolso uma máscara cor de vinho e entregou na sua mão, com um sorriso mascarado disse que era pra combinar com seus olhos verdes.

Ele saiu com uma preocupação arraigada em seu peito, ela ficou com a solidão que estava acostumada a lidar. Do céu, chovia confetes e pintavam o chão de concreto. Ele no meio de todos, olhava para ela que estava sentada embaixo da árvore que tinha estranhamente crescido. O vestido branco que era característico dela, estava molhado e com uma leve transparência. Não se sabia se o que molhou foi o orvalho da árvore ou outra coisa. Mas de certo estava encharcado.

Como de costume, ele a tirou pra dançar. Vê-la tão quieta, era de certa forma assustador. E como de costume, desceu do céu uma chuva tão fina e tão cheia ainda... algo sobrenatural. Eles valsavam a mesma música a cerca de 9 anos, sabendo que mortos estavam por isso. Todos paravam para os olhar dançando fora do ritmo. Como de costume ela deitou sua cabeça em um de seus ombros, e ele encaracolava seus cabelos castanhos. Como sempre, ela estava embriagada e ele ainda era um cavalheiro. Ele notou que seu coração estava de certa forma, arritmado. Isso em geral acontecia. Chegou perto do pescoço, a abraçou forte, e dessa forma foi dito sem ninguém ouvir "Ainda te amo". A apertando contra si, ele entendeu o que estava acontecendo e ela também. Ele perguntou tranquilamente:

"Minha baby, o que há com você? Que marcas são essas em teu corpo? O que fizeram aos teus olhos? Onde está tua companhia e pra onde teus pés caminham? O que houve com tua voz, Lú? Onde está o teu vermelho? Me fale sobre teu vestido branco, como ele ficou assim. Por que não me disse o que estava acontecendo com você?"

Como de costume, ela sorriu para ele e disse que estava bem. Naquele momento, tanto aquela donzela sem alguma reputação ou valor, quanto aquele boêmio de boa família, entenderam que era mais que um adeus. Era a canção de um funeral. Eles então deixaram morrer um no colo do outro.