HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

20.5.11

your love is a drug

Ela pediu que eu me aninhasse, que deitasse ao seu lado para que então pudesse zelar meu sono, cuidar de quem se ama porque faz falta, porque sente falta de amar alguém que também a ame ali, do lado esquerdo da cama, do lado esquerdo do peito. Chegamos embriagadas, ela tirou a roupa, eu fui para o banho. Perdi-me no caminho entre os corredores que separavam o banheiro de seu quarto. Um labirinto, cheio de portas, cheio de voltas como o corpo dela. Ela me ama da maneira mais pura. Eu a amo de todo o coração. Atrasei-me com o fato de não achar o caminho e, quando cheguei, ela já dormia. Cuidei do seu sono, rezei por seus sonhos - sempre esquisitos, tanto quanto ela - e fechei as cortinas laranjas enquanto o dia amanhecia. Sentei no banheiro e, desesperada, chorei por duas horas até cansar. Logo após deitei-me ao lado dela com meus cabelos ainda molhados. A olhei mais um pouco: Deus!, como são lindos seus lábios um tanto doces. Eu a conheço metade de uma vida. Tomei meu remédio e com o álcool adormeci.

Durante o sono cambaleei. Fazia calor pela manhã. Levantei, abri a porta do pequeno apartamento sem me importar se os vizinhos iriam nos ver ali. Abri as janelas pro ar circular. Ela pediu pra que eu me cobrisse um pouco para ninguém ver o que não deve ser visto. Não obedeci.

Meus olhos vezenquando abriam e eu a via. Já não estava ao meu lado direito e agora se encontrava na cadeira, concentrada em não-sei-o-que além do computador. Fechava meus olhos e abria de novo. Ainda não era hora: eu não conseguia me manter acordada. Estava pesada, triste, cansada de mim. A olhei novamente: mesma posição. Puxei seu travesseiro e o coloquei entre as pernas, virei de lado e fiquei de um jeito em que ela conseguia me olhar dormindo. Os cabelos emaranhados, a boca entreaberta.

Acordei eram três horas passadas. Pedi água, ela me deu. Pedi as horas, as recebi também. Eu queria mesmo era um abraço eterno. Ela precisa de mim, eu preciso mais dela. Sentei-me na cama e perguntei o que fazia. Disse-me que conversava com amigos e puxou uma folha. Olhou-me séria e disse baixinho: a desenhei dormindo. Prometo melhorar depois. Entregou daquele jeito mesmo: um rascunho exato, sem nada a ser mudado mas que ela, crítica que só, queria mais, queria o perfeito. Ela me faz perfeita, me fez perfeita. Perfeita aos olhos dela: o cabelo mais bonito, a cintura mais acentuada, os olhos menos tristes, os cabelos ondulados, as coxas sem marcas e o travesseiro entre elas. Olhei e tive vontade chorar e dar o abraço que desejava, que desejo. Desejamos. Mas só agradeci assim, de longe, na minha frieza, sentada na cama e ela na cadeira.

A vizinha chegou.

Ela me ama e eu a amo. Disso eu nunca tive dúvidas.

Estou onde meu coração me pediu para que eu viesse pedir asilo.

Com amor, com açúcar.