HELLO STRANGER
this is about truth,beauty,freedom;but above all things,this is about love.

18.8.10

Ela partiu.

Um dia, eu cheguei no mesmo lugar onde eu a via todos os dias, e só encontrei o lugar cheio de vazios. Nenhuma porta trancada, nenhuma janela fechada. Eu sabia: Ela partiu.
Eu sentei no banco de madeira, com pregos enferrujados e comecei a lembrar do dia que ela chegou. Com seus shorts jeans, seu tênis imundo e camisa da Funéria, depois com seu vestido marrom, com suas calças largas, seu cabelo bagunçado, seu óculos mal desenhado, seu lábios vermelhos, seus labirintos pintados assim também. Quando ela entrou em casa, em minha casa e na casa deles, parecia que as paredes tremiam. Nunca vi algo de cento e setenta e dois centímetros estremecer uma obra tão grande. As paredes verdes pintadas nunca mais foram as mesmas depois dela.
Eu vi ela chegar, mas não sei a quanto tempo ela partiu. Só sei que ela se foi, e me deixou num quarto cheio de vazios. As minhas paredes se calaram, pra ouvir meus lamúrios. O chão se fez mole, pra que eu repousasse meus cabelos. Meu violão está afinado, minha voz está rouca, e meu pequeno vermelho rouxinol partiu. Cansou dos meus olhos. Cansou da minha voz.Dizia: ’Seus olhos verdes de demônio me assustam.’
E riamos.
Agora, eu tento arrumar palavras, nomes, vozes, pra encher o tempo. E eu sei que ela partiu. Só disso que sei. Porque não é está como quando você sabe que seus pais vão voltar de uma viagem.
E eu vi que nem no alvo eu estava. Eu estava nela. E agora, onde eu estou?
Quando chegava, tudo se tornava bright purple. Não pela sua beleza, mas porque quando abria a boca, saía um leão maior que ela. E a voz... que voz! Ela cantava quase como um sussurro,pra me chamar pra perto, pra ouvir melhor, e me beijar com boca de café e chocolate. E me olhava com seus olhos cor-sem-nome e quando eu olhava pra ela, ela se esquivava. E eu não entendia se era um convite pra olhar mais perto, ou uma fuga do que era incerto.
Às vezes, me sentia em suas mãos. Totalmente dominada por mãos de dedos finos e esmalte descascado. Suas unhas desenhavam grandes arcos nas minhas costas. Eu tinha sorte. Muito azar. Um azar dentro de um biscoito da sorte.
E agora, se foi. Levou meus vícios..e me deixou um livro sem frases, com gravuras vermelhas igual seu cabelo. Ela rabiscou: ‘Eu não podia aguentar.Foram seus olhos pérfidos me causando remorsos.’