Valsinha para duas meninas antes perdidas

E se ela quisesse todas as marias-sem-vergonha do mundo, Luna recolheria as flores exaustivamente e no final da tarde bateria no número 102 e teria um sorriso nos lábios ainda como brinde.
Catarina passaria o dia tentando tirar a letra de "Amelie" no piano só pra fazer Luna feliz.
Luna ouviria a canção e baixaria os olhos.
Quase não acreditaria que perdera tanto tempo sendo infeliz.
Nunca tinha ganhado declarações de amor assim.
Era assim no máximo um "Não esqueço de ti". Mas era da boca pra fora. Acabavam esquecendo dela (coisa que Catarina não faria).
Luna tinha uma voz que deixava Catarina no céu.
Catarina agora sabia como era o céu quando Luana cantava.
Luna havia chorado muito. Entregara seu coração, seu lar, seus anseios. E não souberam zelar por isso tudo. E num dia qualquer de maio pegou sua pequena mochila e foi embora. Resolveu ser feliz.
Catarina demorou mais para deixar o mundo triste que habitava.
Demorou pq fizeram-na crer que aquilo era amor.
E ela já quase não sabia o que era amor.
Mas Luna então chegou.
E no primeiro dia entregou-lhe "Morangos Mofados" (do Caio que parecia embalar aquele amor que deveria estar escrito nas estrelas que mais brilham no céu).
E Catarina sorriu.
Catarina entregou-lhe um olhar terno bem demorado e seu coração (que não estava tão embrulhadinho quanto o presente).
Passaram a tarde embaixo de um sol (que judiava) num parque qualquer.
Catarina queria tanto um beijo. Mas faltava-lhe a coragem.
Passaram semanas até aquele momento ocorrer.
Catarina quis pagar a aposta que fizeram antes mesmo de se conhecerem.
Não havia ganhado o Alpino, mas ganharia um beijo daquela menina que lhe tirava o sono.
E no momento que juntaram as bocas, as duas bocas rosadas, finalmente entenderam.
Era o irremediável amor que lhes circundava.
Desde então Luna (que não se chama Luna) e Catarina (que tem um outro nome que nem rima com esse) vem sendo felizes.
E o mundo anda muito mais colorido.